Canavieiras se destaca nos investimentos privados em projetos de piscicultura
Município diversificado no agronegócio, Canavieiras vem recebendo investimentos na área da piscicultura, notadamente na criação de Tilápias. De acordo com dados fornecidos pela Unidade Técnica da Bahia Pesca – sediada em Canavieiras, mas com atuação regional –, existem hoje cerca de 100 empreendimentos de piscicultura em funcionamento e em fase de implantação.
Informa o gerente da Unidade Técnica da Bahia Pesca em Canavieiras, engenheiro agrônomo Carlos Urbano Rodrigues, que o município reúne as condições necessárias e ideais para abrigar esses projetos. “Atualmente estamos distribuindo alevinos e prestando assistência técnica em projetos de grande, médio e pequeno porte”, revela Carlos Urbano.
A localização e as condições geográficas de Canavieiras, com grandes extensões de áreas que sofrem as influências das marés, são atrativos para a implantação de projetos de piscicultura. “Nesses locais os benefícios são incalculáveis, pois os produtores não precisam realizar investimentos em equipamentos de bombeamento de água, bem como estão praticamente de livres de fungos e outras doenças que poderiam acometer a atividade, pois a água é trocada a cada maré cheia”, ressalta Urbano.
Entre as espécies de peixes criadas em Canavieiras estão o Pirarucu, o Tambaqui, Pacu, dentre outras, porém a que mais tem crescido é a da Tilápia, que apresentam características ideais como facilidade de se manter nos tanques, reprodução e rápido crescimento. “O manejo também é outra característica desejável, pois não precisa de grandes cuidados, apenas alimentação farta e limpeza”, explica Urbano.
Produção em alta - Com produção comercial estimada em cerca de 100 toneladas/ano, a piscicultura já é considerada uma das grandes atividades econômicas e em franca expansão, sendo que um deles, em implantação no povoado de Pimenteiras, terá capacidade para produzir até 80 toneladas/ano. Pelos cálculos da unidade local da Bahia Pesca, a produção de peixes em cativeiro poderá ser triplicada em apenas um ano.
Para o engenheiro agrônomo Carlos Urbano, a piscicultura já provocou uma transformação no campo e na cidade, modificando costumes e atividades econômicas. “Hoje, todo o comércio de insumos já trabalha com rações apropriadas para cada fase da criação de peixes, o que há cerca de seis meses os produtores tinham que adquirir em outras cidades”, conta o técnico Wilson Santana.
Transformação econômica - E essa transformação também chegou às peixarias e supermercados, que já iniciaram a implantação de locais apropriados para a venda dos peixes tilápias (de água doce) produzidas em Canavieiras. Além de Canavieiras, a produção local é enviada para Itabuna, Camacã, Santa Luzia, Eunápolis e Jequié. Hoje, a piscicultura já se rivaliza com a carcinicultura (criação de camarão em cativeiro), outra grande atividade econômica.
Carlos Urbano lembra que até pouco tempo a piscicultura era tida como uma atividade de elite e que não poderia ser empreendida em em larga escala, costume que mudou com a nova recomendação do diretor da Bahia Pesca Cássio Peixoto. “Além da assistência técnica, nós também elaboramos projetos, fornecemos os alevinos e ainda emprestamos equipamentos, como os berçários”, informa Urbano.
Somente a unidade da Bahia Pesca de Canavieiras já forneceu, gratuitamente, cerca de 500 mil alevinos em toda a área de atuação regional. Além da assistência à produção, hoje a empresa também orienta como e onde comercializar, facilitando todo o processo. “Nossos dirigentes conhecem bem nossa região e apostaram na piscicultora como uma atividade econômica viável. Os resultados são altamente positivos”, diz o engenheiro agrônomo.
Para o prefeito Almir Melo, a Bahia Pesca vem se transformando numa grande parceira da Prefeitura e dos produtores do município, com uma política voltada para a produção de peixes em cativeiro e a pesca marinha. Segundo ele, recentemente, foram doados seis barcos para a Associação dos Pescadores e Marisqueiros e Moradores da Atalaia, modernizando aquele setor. Almir Melo ressalta o conhecimento dos dirigentes da Bahia Pesca da região Sul e Extremo Sul da Bahia, o que fortalece o atendimento dos pleitos regionais.
Exemplo de produção - Um dos novos produtores de peixe de Canavieiras é o agricultor familiar Valfran Souza de Jesus, da Fazenda Diamante Negro, de apenas 1,5 hectare. Neste pequeno local ele cria galinhas, gansos, galinha d'angola, carneiros, gado leiteiro e tilápias. Atualmente dispõe de quatro tanques (um deles em U) e dois berçários, formando cerca de dois mil metros quadrados de lâmina d'água.
Conta o agricultor familiar Valfran, que com o apoio da Bahia Pesca conseguiu contratar o Pronaf e implantar o projeto de piscicultura. O próximo passo, segundo ele, é construir toda a infraestrutura necessária para um pesque pague com instalações rústicas, porém dentre da técnica. “Além do peixe, vamos servir refeições com os pequenos animais que temos aqui, no sentido de agregar mais valor aos peixes”, informa.
Dos cerca de 10 mil alevinos que foram colocados nos tanques, uma pequena parte foi alvo de despesca, o que já proporcionou cerca de um terço do investimento, o que para Valfran é difícil para qualquer negócio obter essa lucratividade. “Em cerca de seis meses estamos tirando as tilápias com cerca de 700 a 800 gramas e vendendo por preços que variam de R$ 7,00 a R$ 10,00”, comemora.
Como a Fazenda Diamante Negro está localizada na região do Cubículo, às margens do rio Pardo, que sofre as influências das marés, a água estuarina abastece os tanques duas vezes por dia. Com isso, ele economiza no bombeamento de água e aeração. “Além dessa vantagem, a tilápia produzida com essa água é muito mais apreciada do que as da água doce”, ressalta Carlos Urbano.